terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fluir

   O corpo já me pesa. Quando tinha vinte e poucos anos não sabia sequer que tinha um corpo, tal era a sua ligeireza e perfeita a forma pela qual se fundia ao cenário que vivíamos. Agora o corpo pesa. Sinto as pernas engrossadas pelo cansaço de cada dia; os passos parecem ter íman sobre a terra. Quando arranco numa corrida é como um navio imenso ligando as hélices dos motores profundos, ganhando energia cinética, animado de uma força bruta semi-desorganizada. Já lá vai o tempo em que de um salto voava sobre seis degraus de uma só vez, sem ter sequer consciência de tirar os pés do chão. Voava porque não pensava em voar, e além disso os músculos ainda não tinham nomes. Eram simplesmente o desenho de um corpo jovem e perfeito.

4 comentários:

Unknown disse...

"Voava porque não pensava em voar, e além disso os músculos ainda não tinham nomes."

Excelente esta frase!
Pode-se estender esta ideia de juventude/saúde a muitas áreas da nossa vida...


Esta frase, e outras partes do texto, tirando as partes mais melancólicas, têm um sabor a Taoísmo que me agrada bastante.

Unknown disse...

Tu andas a precisar é de ir para um ginásio em condições e malhar a sério. Depois de duas semanas, estás a voar de novo...

JonDays disse...

JB, andar no ginásio aqui custa uma fortuna... tu aí tens o mar e os hotéis coloniais com piscina, e a coisa fica mais em conta, digo eu... :)

JonDays disse...

Não sabia que o meu pensamento era taoísta...hehehe

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