domingo, 28 de março de 2010

Ansiedade Existencial

   O medo profundo deixa-nos vulneráveis. É sempre uma ameaça às fundações, ao centro da minha existência. A ansiedade primária é a experiência da ameaça iminente do não-ser... A ansiedade é o estado subjectivo do indíviduo se tornar consciente que a sua existência pode ser destruída, que ele se pode perder a si e ao seu mundo, que se pode transformar em "nada". Atinge o âmago da sua auto-estima e valor próprio.
   Com esta ameaça permanente do não-ser, podemos viver as nossas vidas em tentativa permanente de iludir a morte. Fugir da morte é também fugir da vida. Quando sentimos ansiedade, sentimos que a morte anda à espreita, que anda à nossa procura e nos vem buscar. Tememos ser sugados, sem capacidade de nos refazermos, perdidos para sempre. Sentimo-nos como uma partícula de pó vogando no imenso espaço do nada. Não temos qualquer refúgio.

(tradução livre de um texto de Paul Robb, onde estão contidos alguns pensamentos de Rollo May)

quinta-feira, 18 de março de 2010

diário anónimo

   Se um tipo se põe a pensar sobre determinadas coisas, por vezes, chega a conclusões que não imaginava serem possíveis de se tirar. Estou a falar deste blog e do seu significado. Um tipo olha para a página do blog e pensa - O que é que esta merda quer dizer? - e o pior é que não chega assim a nenhuma conclusão, digamos, brilhante ou clarividente. A verdade é que a escrita é um acto íntimo, um mergulho no negativo fotográfico que deu origem ao que somos. E a paciência para dizer o que somos nem sempre é coisa fácil de se ter.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Velhice lúdica

À medida que vamos envelhecendo o tempo acelera, e isto é uma verdade que ninguém consegue negar, acho eu. Mas que a vida de um velho se tenha de resumir ao que vejo na capa deste livro é, como diz um colega meu de trabalho - Um medo!

terça-feira, 2 de março de 2010

Ser

   Às vezes sinto uma espécie de compaixão por mim próprio, como se fosse eu o meu deus (e não será assim com todos?) e do alto do meu universo observasse a forma frágil como penso e existo. Sinto então uma cólera por ser limitado, por não poder, ou não saber, dizer tudo aquilo que queria dizer de uma só vez. Mas a própria estupidez, limitada no seu entendimento, tem a capacidade de emocionar um ser que se observa e se sabe finito. Muitas vezes penso que é daqui que nasce o sentimento religioso, desta fruição de uma incapacidade no pensar, em algo que sensibiliza pela sua própria ignorância, como se fosse possível, e é-o de facto, ter dó deste ser que pensa sem saber porque pensa. Pensar o pensamento é uma espécie de oração.