sábado, 16 de janeiro de 2010

Credo

   Muitas vezes me parece que a relutância, a negação da fé divina, se assemelha a essa figura da tourada portuguesa, o forcado, que num misto insuflado de pavor da morte e orgulho de macho latino grita - " Olé touro! Olé! " gingando o corpo numa pose de atrevimento, braços em V apoiados na cintura, desenhando passos mecânicos que se aproximam da besta, como na medição feita por um compasso sobre a folha, um passo aqui, depois ali, até que o monstro se decida a espetar-lhe os cornos, rasgando-lhe o ventre, fazendo-o esguichar de sangue e cuspo, atirando-o para longe como quando o cão raivoso abocanha um bocado de carne e a atira para o lado sem consciência do que faz. A nossa relação com Deus é muito esta. E acho que isto diz muito sobre nós e sobre Deus.

4 comentários:

M.J.Marmelo disse...

Bem catita, o blogue. Parabéns

Abraço

Unknown disse...

Se bem que o ateu seja, um última instância, um verdadeiro crente, tem-se verificado, pelo menos estatísticamente, que a sua fé não é suficiente forte para sobreviver às verdadeiras touradas...


keep it up!
LMA

JonDays disse...

Quanto a sobreviver às verdadeiras touradas, o que querias dizer com isso?

Unknown disse...

Numa adversidade séria onde um gajo perde as defesas , e.g, uma guerra, aí lá se vai o ateismo...

Não há ateus nas trincheiras.

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